Em um sistema de produção de ruminantes, os custos com a alimentação podem representar até 70% dos custos totais de produção. Desta forma, torna-se muito importante saber com precisão o real consumo de matéria seca (CMS) de alimentos, para o cálculo preciso da dieta, planejamento estratégico da produção, previsão de custos e investimentos.
O CMS é a variável mais importante que afeta o desempenho animal, pois garante ao organismo, energia e nutrientes adequados para sua mantença e produção. Em ruminantes as variações no consumo ocorrem durante seu ciclo de crescimento na tentativa de manter a homeostase do organismo frente aos desafios apresentados pelas necessidades metabólicas e ambientais.
Limitações no consumo de alimentos podem impedir que as exigências nutricionais sejam supridas. Como a maior parte da energia e nutrientes da dieta de ruminantes é utilizada para suprir as exigências de mantença, pequena alteração no consumo de alimentos pode ocasionar limitações na eficiência dos processos produtivos. Com isso, o máximo potencial para produção não será alcançado e a lucratividade da atividade estará comprometida. Adicionalmente, poderão surgir problemas relacionados com má nutrição, sanidade e distúrbios digestivos. De modo geral, vários são os fatores que afetam o consumo como, por exemplo: grupo genético, sexo do animal, idade do animal, estado fisiológico, tamanho do animal, temperatura, qualidade da dieta (principalmente animais em pastejo), uso de ionóforos, consumo de água, área disponível de cocho, etc.
No dia a dia de um confinamento, a ferramenta de gerenciamento do consumo de alimentos é baseada na “leitura de cocho” ou “escore de sobras”, onde é possível identificar a necessidade ou não do reabastecimento dos cochos e o que deverá ser ajustado para o fornecimento do dia seguinte. O ideal é ter o mínimo de sobras de alimentos no cocho, algo em torno de 2 a 4% da quantidade fornecida diária. Isto significa perdas mínimas com o alimento fornecido e quanto menor o desperdício, menor as despesas. Mas será que o que está sendo fornecido de alimento é o ideal? Será
que a quantidade de alimentos comprados para o confinamento foi planejada adequadamente em função do CMS? A previsão das despesas em função do CMS corresponde ao planejado? A única forma de ter a resposta para estas perguntas é determinar a matéria seco do volumoso e do concentrado, calcular a MS total fornecida e verificar com as pesquisas de exigências nutricionais se realmente o lote de animais estão consumindo o que devem consumir de MS por dia.
Os estudos com exigências nutricionais, compilaram diversos dados de pesquisas e desenvolveram por meta-análise equações para estimar o CMS por bovinos nas condições brasileiras. O BR-CORTE (2016) sugere equações de predição do consumo para as diferentes situações de produção e em função do grupo genético (veja capítulo 2 disponível em: www.brcorte.com.br). No entanto, torna-se importante o acompanhamento de um nutricionista para avaliar o real CMS, com o intuito de realizar possíveis ajustes na formulação da dieta e diminuir as diferenças entre o que foi formulado e o que está sendo consumido de nutrientes. Uma das novidades da nova plataforma BR-CORTE 4.0, é a possibilidade de alteração no CMS por parte do usuário na opção alterar as exigências. Nós recomendamos formular dietas para variações no peso corporal inicial e final de até 60 kg, de modo que os resultados de CMS sejam mais precisos e coerentes com a realidade de campo.
Escrito por: José Augusto Gomes Azevêdo e Sidnei Antônio Lopes
Fontes: