Mais ciência, mais carne e menos metano: a pecuária brasileira pode muito mais! - BR-Corte 5.0
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Mais ciência, mais carne e menos metano: a pecuária brasileira pode muito mais!

por: Leonardo Maciel, Luiz Silva, Matheus Cabral e Sidnei Lopes

A adesão do Brasil ao compromisso global para a redução das emissões de metano durante a COP26, em Glasgow, foi uma das principais conquistas da Conferência, na avaliação da ministra Tereza Cristina (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Na ocasião, a ministra disse que o Brasil já desenvolve técnicas para a redução de gases de efeito estufa, como o metano e o carbono. “Nós precisamos levar toda essa tecnologia e processos de produção, cada vez mais, principalmente para os pequenos produtores”, destacou a ministra. 

Neste sentido, pesquisadores da UFV juntamente com pesquisadores de diversas universidades brasileiras, desenvolveram equações para estimativa de produção de metano por bovinos em condições tropicais. Tais equações estão disponíveis no software BR-CORTE 4.0, mantendo o compromisso de auxiliar o desenvolvimento sustentável da pecuária brasileira.

Esta ferramenta permite que pecuaristas, empresas de nutrição animal e as entidades governamentais em suas mais amplas esferas tenham em mãos planos de ações estratégicos e táticos para produzir proteína animal de qualidade e reduzir as emissões de metano. 

É consenso entre os atores da pecuária de corte que temos um elevado potencial técnico já conhecido cientificamente de transformar a atividade de vilã em grande herói mundial, assim como todo o agronegócio brasileiro. Permitir com que este conhecimento científico chegue aos inúmeros produtores rurais brasileiros, como deseja a ministra Tereza Cristina, está intrinsecamente  ligado com a utilização maciça do BR CORTE 4.0 fazendo diagnósticos precisos do problema em cada empresa rural e auxiliando na definição das ferramentas tecnológicas corretas para cada caso.

O uso de mais tecnologia, intensificação da produção, acarretando maior ganho médio diário (kg/dia), contribui significativamente com a redução de emissão de gás metano, uma vez que a sua produção por produto (g/kg) reduz em função do ganho otimizado de arrobas e da redução de dias para o abate.

A produção de metano versus o ganho médio diário (GMD – kg/dia) pode ser analisada nos dois gráficos a seguir. No primeiro deles, considerando o período de seca, são animais com peso inicial de 300 kg, engordando 100 kg durante o período e criados a pasto em diferentes níveis de tecnificação e suplementação. 

No cenário em que o GMD é de 0,1 kg/dia os animais são suplementados apenas com sal branco, já o ganho de 0,5 kg/dia são animais que recebem sal proteinado e 1 kg/dia estão em sistema de semiconfinamento.

Ao analisarmos diferentes cenários para animais a pasto, onde temos animais com baixo ganho médio diário (GMD) 0,1 kg/dia com linha branca de suplementação, para uma situação de GMD de 0,5 kg/dia com suplementação estratégica, observa-se produção de metano 77% menor (Figura 1).

Fonte: BR-Corte 4.0

O segundo gráfico, considera o período das águas, nas mesmas condições de peso e ganho total de peso no período, criados a pasto em diferentes níveis de tecnificação e suplementação, sendo o GMD 0,3 kg/dia animais suplementados apenas com sal branco, 0,8 kg/dia animais recebem também o proteinado e 1,3 kg/dia animais em sistema de semiconfinamento.

Fonte: BR-Corte 4.0

A partir dessas análises, podemos concluir que a emissão de carbono em gramas não aumenta de acordo com o GMD se considerarmos o maior tempo  necessário para os animais de baixo ganho obterem peso adequado de abate.

Observa-se que a emissão no intervalo de um dia aumenta quando o GMD é maior, todavia a soma dessas emissões ao fim de cada sistema já citado, nos mostra que, apesar da maior emissão diária, a quantidade de dias para o abate é menor se compararmos sistemas mais intensivos a outros menos intensivos, acarretando menor emissão de gases poluentes no período de engorda. 

Como podemos observar no terceiro gráfico abaixo, no período de seca, onde o sistema com menor GMD 0,1kg/dia suplementado apenas com sal branco, levam 150 dias para o animal adquirir 1 arroba, e no sistema com maior GMD, 1kg/dia semiconfinamento, onde as exigências para desenvolvimento e ganho de peso são atendidas a partir de uma dieta balanceada, dieta essa facilmente otimizada na plataforma do BR-Corte, levam apenas 15 dias para o animal ganhar a mesma 1 arroba, provocando uma redução de 89% na emissão de metano.

Fonte: BR-Corte 4.0

Analisando o gráfico abaixo já no período das águas, onde o sistema com menor GMD, 0,3 kg/dia suplementado apenas com sal branco, são necessários 50 dias para o animal adquirir 1 arroba e, no sistema com maior GMD, 1,3 kg/dia em semiconfinamento, levam apenas 12 dias para o animal ganhar o mesmo volume de peso, provocando uma redução de 68% na emissão de metano.

Fonte: BR-Corte 4.0

Desta forma, o BR-Corte, a partir de suas equações disponíveis na formulação de dieta e na predição de desempenho do animal, visa dar ferramentas para o entendimento da emissão de poluentes e permite com que se tenha uma otimização da produção de carne brasileira de forma mais eficiente e sustentável.

Por outra via, é importantíssimo destacar que estas análises são feitas com base em sistemas em que o desperdício de insumos e recursos são impossíveis de serem mensurados e este é um fato altamente relevante e de gerenciamento tático no dia a dia das empresas rurais. Ou seja, o somatório de ciência e experiência gerencial dos atores envolvidos com as fazendas de pecuária darão o norte para que se tenha a produção de mais carne e muito menos emissão de metano no planeta.

Por Luiz Otávio Martins Silva

Graduando em Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa

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